Arquivo | janeiro, 2008

A menina que roubava livros

30 jan

Ganhei o livro da Fefa e do Trotta, de aniversário.

É um livro muito gostoso de ler… no qual a Morte nos conta a história de Liesel Meminger (ao que parece, mãe ou amiga da mãe de Markus Zusak, autor do livro).

A menina que roubava livros

Uma Morte extremamente simpática e apaixonada pelas cores; em especial, pelas cores do céu nos momentos e que leva as almas.

A história se passa durante a Segunda Grande Guerra, na Alemanha…

Acompanhamos a trajetória da vida de Liesel, não linearmente, nem por inteiro; apenas os acontecimentos mais marcantes dessa roubadora de livros e sacudidora de palavras. Dela e de seus principais “contracenantes”: seu irmão Weber; seu pai adotivo de olhos prateados, Hans Hubermann, que lhe ensinou a ler e tocava acordeão como ninguém; sua mãe adotiva, Rosa, de boca de papelão, que chamava a todos, carinhosamente de saumensch e saukerl; seu melhor amigo, Rudy Steiner, de cabelos cor de limões, que queria ser Jesse Owens e também queria um beijo; sua amiga e incentivadora de leitura, a mulher do prefeito de Molching, Ilsa Hermann; e Max Vandenburg, o judeu do porão, com toda a sua história.

Os demais moradores da Rua Himmel são também descritos… todos a seu tempo.

O livro vale a pena, demais! Ainda lerei-o várias e várias vezes ao longo de minha vida, a não ser, é claro, que a Morte resolva me buscar antes. Caso ela queira me dar um tempo, pretendo voltar a falar sobre esse livro aqui_ não sei quando, não tenho pressa_ e colocar as frases e trechos que mais me marcaram.

A sensação que me fica na alma, ao terminar de lê-lo, condiz com a frase final, proferida pela Morte: “Os seres humanos me assombram”. A mim também.

Sambas de São Paulo

27 jan

Primeiramente, vamos a uma pequena retrospectiva:

  • Em 2006 um amigo meu e do , o Marcão, nos convidou para conhecer uma escola de samba, a Vila Maria. Ele já frequentava a escola e já conhecia todo mundo, pois, conforme ele nos explicou, ele cresceu na Vila Maria. Fomos conhecer a escola (eu adoro samba) e adoramos! O lugar é bem organizado, limpo e amistoso. E lá rola um samba dos bons! O samba-enredo de 2007 falava sobre Cubatão, mas como não tínhamos dimdim para comprar nossas fantasias, decidimos assistir ao desfile da arquibancada, junto com a Fefa, nossa amiga. Adoramos os desfiles; foi emocionante assistir às escolas! E a Vila foi vice-campeã do grupo especial de 2007!
  • Final do ano passado, hora de voltar pra Vila! Escolhas de sambas-enredos e muita festa! Decidimos desfilar em 2008; na Ala Vila Ede, ala doa amigos do Marcão. Agregamos mais dois foliões: a Fefa e o Trotta. O tema será sobre 100 anos da imigração japonesa.

Falando em tema, chegamos ao tema do post de hoje: os temas das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo. Vou colocar as escolas na ordem exata dos desfiles. Leiam e escutem o samba; depois, dêem seus palpites sobre as cinco primeiras colocadas! Quem acertar ganhará… os meus parabéns!

Um breve PS: Acompanhem meu raciocínio sobre as colocações da Vila: 2006 – terceiro lugar, 2007 – segundo lugar, 2008 – com certeza primeiro lugar (ainda mais com a nossa presença na avenida)!

Na minha opinião, a colocação fica assim (do primeiro ao quinto lugar): Vila Maria, Tom Maior, Nenê de Vila Matilde, Mancha Verde e Pérola Negra.

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Dia 01/02 – sexta-feira

22h – Gaviões da Fiel Torcida.
Enredo: “Nas asas dos Gaviões, rumo ao portal dos sertões – Santana de Parnaíba: berço de bandeirantes.” Áudio e Letra.
– Um enredo sem grandes novidades e um tanto quanto batido… pedindo a ajuda de São Jorge essa é a aposta da torcida fiel.

23h – Acadêmicos do Tucuruvi.
Enredo: “Hummm… É tempo de sorvete, do oriente ao ocidente o alimento refrescante e nutritivo.” Áudio e Letra.
– Sorvete? Bem… ao menos conta a história dessa delícia.

24h – Unidos de Vila Maria.
Enredo: “Irashai-Mase, milênios de cultura e sabedoria no centenário da imigração japonesa.” Áudio e Letra.
– Tudo bem, sou suspeita para falar! Enredo atual (é a primeira vez que o centenário da imigração ocorre, não é?) e cativante.

01h – Águia de Ouro.
Enredo: “A taça da felicidade, uma viagem pelos sentidos, a delícia do sorvete.” Áudio e Letra.
– Mais um sobre sorvete. E esse nem fala sobre a história. Fraco.

02h – Tom Maior
Enredo: “Glória Paulista: São Paulo na vanguarda da economia.” Áudio e Letra.
– Tudo bem, o enredo é batido. Mas tem um samba delicioso e é uma declaração de amor à cidade!

03h – Sociedade Rosas de Ouro.
Enredo: “Rosaessência: o eterno aroma.” Áudio e Letra.
– Fala sobre as rosas e seu perfume… hmmm… eu passo.

04h – Nenê de Vila Matilde.
Enredo: “Um vôo da Águia como nunca se viu!! Também somos folclore do nosso Brasil!” Áudio e Letra.
– A letra da Nenê está deliciosa! Ano passado eu vi a Nenê passar, e foi uma energia contagiante! Dá-lhe Nenê!

 

Dia 02/02 – sábado

22h – Camisa Verde e Branco.
Enredo: “Da pré-história ao DNA: a história do cabelo eu vou contar.” Áudio e Letra.
– Cabelo? Que espécie de enredo é esse? Anyway…

23h – Mancha Verde.
Enredo: “És imortal… Ariano Suassuna, sua vida, sua obra, patrimônio cultural. “ Áudio e Letra.
– Falar dessa grande figura brasileira é algo muito bom! Tem tudo para emplacar!

24h – X9 – Paulistana.
Enredo: “O povo da Terra está abusando. O aquecimento global vem aí… A vida boa e sustentável pede passagem.” Áudio e Letra.
– Tema atual, que embora esteja “cansando os ouvidos”, nunca é demais lembrar que devemos cuidar do meio ambiente!

01h – Pérola Negra.
Enredo: “‘A onça vai beber água’ Jaguariúna, desenvolvimento e qualidade de vida nos trilhos do tempo.” Áudio e Letra.
– Teremos rodeio no sambódromo! Sim, senhor! Letra boa, ao falar de uma paixão de muitos brasileiros a Pérola promete contagiar!

02h – Vai-Vai.
Enredo: “Vai-Vai acorda Brasil!” Áudio e Letra.
– A letra está um tanto quanto fraca…

03h – Mocidade Alegre.
Enredo: “Bem-vindo a São Paulo. Sabe por quê? Porque São Paulo é tudo de bom!!!” Áudio e Letra.
– A letra fala sobre o que São Paulo tem de bom… mas é superficial.

04h – Império de Casa Verde.
Enredo: “Sambando e cantando e seguindo a canção… Vem, vamos embora para a festa da MPB.” Áudio e Letra.
– Ao invés de falar apenas sobre MPB, a música fala de vários ritmos musicais, deixando tudo uma “salada”! Me lembrou de uma música do Gabriel, esse mesmo, o Pensador.

A idéia para esse post surgiu, conversando com o Trotta, quando eu contava pra ele os temas de todas as escolas de Sampa!

Envelheço na Cidade

25 jan

 

454 anos

 

PESSOAS MONITORADAS, CHIPS NOS CARROS, NO CORPO, PADRONIZAÇÃO, SEGREGAÇÃO TERRITORIAL, CRIAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE BANCOS DE DADOS, HIGIENIZAÇÃO. COMO CONDENAVA MILTON SANTOS, EM TEMPOS DE GLOBALITARISMO A CAPITAL SEGUE TENDÊNCIA MUNDIAL DE CONTROLAR E EXCLUIR O CIDADÃO.

Marcos Zibordi, na Revista Caros Amigos desse mês.

Infelizmente, nossos administradores estão cada vez mais avacalhando com a cidade e seus moradores…

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Tirando o lado ruim (acima descrito), São Paulo é a cidade que eu nasci (embora eu seja mineira de criação e coração) e que eu amo!

Desejo dias melhores a todos nós e à cidade!

Programação de aniversário: clique aqui!

 

A última pessoa necessária

23 jan

Navegando pelos blogs da vida, encontrei esse texto, que vai de encontro com o que eu penso! Um passarinho apenas, pode não conseguir apagar o fogo; mas se vários se juntarem, aí a história será outra!

“Conta-se que um grupo de cientistas, acompanhando através de filmagens o comportamento de uma determinada espécie de macacos numa ilha do Pacífico, percebeu, um dia, que um macaco jovem certa vez descobriu que se lavasse as raízes na água do mar, as batatas ficavam limpas e salgadas, tornando-se mais saborosas. Tentou repassar o novo padrão de comportamento para os outros macacos e foi escorraçado pelos macacos velhos que rejeitaram a idéia de saída. O macaco inicialmente ficou chateado, mas, depois de um tempo, resolveu repassar a nova informação para os macacos jovens e filhotes, que rapidamente foram incorporando o novo padrão. Segue que, quando um número x de macacos incorporou o novo paradigma, neste exato momento, todos os macacos desta espécie, em todas as ilhas distantes e em todos os continentes, passaram a ter exatamente esse padrão de comportamento.

O fenômeno é explicado por Rupert Sheldrake como ressonância mórfica. Expressa claramente a única chance que a espécie humana tem de dar um salto quântico coletivo, a partir de uma massa crítica, isto é, a partir de um número mínimo de homens e mulheres conscientes, capazes de acionar essa ressonância e resgatar os demais para níveis mais coerentes de consciência.

A única hierarquia na teia da vida é a percepção de que os que são mais conscientes têm uma responsabilidade especial pelos que estão menos conscientes. Esse conceito parece definir a única hierarquia representativa para o Universo. Dessa forma, o desânimo não é justificável diante do caos. Por mais que ao redor tudo pareça não ter mais saída, deve-se ter em conta que, de repente, podemos ser, qualquer um de nós, a última pessoa necessária para completar a massa crítica, que abrirá diante de nós o grande salto quântico coletivo e social.”

* Trecho do livro “Holismo, Homeopatia e Alquimia – uma sincronicidade para a cura”, de Míria de Amorim – pg.87 (disponível para download em: http://www.homeopatiafao.com.br/Uma_sincronicidade_para_acura_Miria_Amorim.pdf)

 

Meu desktop

20 jan

A Cláudia me indicou para continuar um meme (alguém me lembra qual a origem dessa palavra, por favor?): o de mostrar o desktop.

Como esse é um meme fácil de seguir (leia-se: não me dá trabalho) e como eu adoro meu desktop (do notebook), resolvi aceitar (foto clickaumentável).

desktop

Essas são minhas cachorras de Poços de Caldas (casa do meu pai): Baby e Mu (acima; dou um doce para quem adivinhar quem é a Mu) e Bibi e Bela (abaixo).

Preciso atualizar essa foto, porque agora eu tenho a Lilo aqui em Sampa!

Para continuar eu indico o Rodrigo (que apesar de morar comigo, usa outro computador).

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Uma triste nota: Hoje de manhã, a Baby, a cachorra bege da foto, a mais velhinha, a minha veinha, a mãe das outras três, foi para o céu dos cachorros. E ficará me esperando por lá! Foram muitos e muitos momentos bons ao lado dela… Tal acontecimento só vem reforçar minha teoria de que a ordem disso tudo está toda errada: onde já se viu todas as pessoas e seres de que gostamos irem embora assim? Vou ter uma conversa séria com o Todo Poderoso… 😥
E sim, este é um template-luto.

 

Nossas Raízes – Parte VII de VII

17 jan

Adalgisa Zanon

Tia Adalgisa foi uma linda moça de pele clara e olhos azuis. Era alegre e expansiva; curtia amizades, passeios, namoros, mas era acima de tudo uma batalhadora.

Além de ajudar sua mãe nos afazeres domésticos, costurava para uma exigente clientela em Machado. Era uma modista famosa e requisitada. Por isso, mesmo quando mudou-se para São Paulo, por ocasião de seu casamento com Nicanor, continuou atendendo às encomendas que suas freguesas, já habituadas ao seu talhe perfeito e bom gosto, lhe faziam.

Foi-lhe negada a alegria de ser mãe, mas Deus reservou-lhe outra missão, não menos nobre.

Por ocasião do falecimento de sua cunhada Hemengarda, deixando órfãs quatro crianças, ela não exitou e levou as duas meninas: Hilda e Dalva, para morarem com ela. Teve por elas carinho e dedicação de mãe. Preocupada com o futuro das meninas, ensinou-lhes a arte de costurar, no que era muito capacitada. As meninas, também habilidosas, tornaram-se grandes modistas em São Paulo.

À ela nossa homenagem.”

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E assim o livrinho do Primeiro Encontro Zanon acaba. Contei pra vocês a história de parte da minha família e, o que foi mais importante pra mim, registrei aqui essa história.

O Encontro propriamente dito foi muito bom: conheci várias pessoas que não conhecia e nem sabia que existia. Fui até uma das oradoras (chiquetérrimo, só porque sou sobrinha das idealizadoras do Encontro, mas o que é que tem, hein?)…

Depois desse, houve outros, mas nunca com todo o pessoal que estava presente a esse_ a distância e o dimdim são grandes empecilhos. Este ano o Primeiro Encontro completará 10 anos. Preciso perguntar pra minha tia se haverá um Encontro Comemorativo…

Encerrando o livrinho, temos essa foto clickaumentável, do castelinho construído pelo meu avô.

castelinho

 

Nossas Raízes – Parte VI de VII

15 jan

Leopoldo Lorenzzo Zanon (por seus filhos Derosse, Jesse, Saulo, Ronaldo, Arthur e Mirza)

Não, ele não era alto, porém o fato de ter sido sempre magro lhe conferia esta imagem. Olhos muito azuis, pele clara. O chapéu, que acompanhava nos canteiros de obras e andaimes onde trabalhava, lhe protegia a calvície.

O gosto pela música levou-o a tocar clarineta na banda, em Machado. Casou-se em 1933 com Mirza Andrade Pedroso, com quem compartilhou uma vida em que as dificuldades eram contornadas com compreensão e carinho.

Talvez a decisão mais difícil para ele, tenha sido a de mudar-se para São Paulo, dadas as dificuldades de trabalho. Exigiu coragem e determinação. Deixava para trás não apenas sua cidade, amigos e parentes, mas principalmente sua mãe_ vovó Luíza.

A família toda, inclusive cachorro, partiu para São Paulo, numa caminhonete Chevrolet 1933. Inesquecível nossa chegada à capital paulista, em pleno carnaval (1950), perdidos na famosa esquina das Av. Ipiranga e São João.

Raras vezes o vimos irritado. Mesmo quando chamava nossa atenção, sabia faze-lo de modo firme, porém sereno. Nós, filhos, sabíamos identificar claramente as alterações na voz, nos gestos, no olhar_ por pequenas que fosse, para nós eram suficientes.

Paciente e amoroso_ educou os filhos menos com palavras que com atitudes, que deixaram gravadas em nós lições de solidariedade, dignidade, honestidade.

Papai, uma presença calma e segura. É dele nosso amor e nossa saudade.”

 

(Por seu sobrinho Uriel)

“Tenho pelo tio Leopoldo, o Zanon que recebeu o nome de um rei, uma grande admiração. Acho que ele foi o filho mais racional de Luíza Brunholo.

Os traços marcantes de seu caráter foram: o amor aos irmãos, a fidalguia no trato, o equilíbrio emocional e a capacidade de trabalho. Fundou uma empresa de construção civil em Machado, que posteriormente foi transferida por ele para o estado de São Paulo.

Dono de refinado charme, encantou Mirza, a filha odontóloga do professor Arthur Xavier Pedroso, um dos mais ilustres educadores que Machado já teve. Tia Mirza, mulher bonita, forte, que educou os filhos sem ter-lhes dado sequer uma palmada, que amava os sobrinhos e com quem eu jogava baralho…

Tanta coisa para lembrar…

Tiveram seis filhos: Derosse, Gesse, Ronaldo, Saulo, Arthur e Mirza.

Leopoldo, o filho de imigrantes italianos com nome de rei, filho de Luiza Brunholo, que escreveu uma história de amor com a família, de dedicação ao trabalho e de sabedoria de vida.”

Nossas Raízes – Parte V de VII

13 jan

Aureliano Zanon (dados fornecidos pelo Uriel)

“Foi o terceiro filho de Luiz Zanon e Luíza Brunholo. Nasceu em 14 de Fevereiro de 1902 em Machado. Não recebeu instrução formal compatível com as habilidades que autodidaticamente desenvolveu: foi mestre de obras, torneiro em madeira, desenhista técnico e pequeno empresário.

As características marcantes de meu pai foram: seu senso de justiça, solidariedade humana, responsabilidade social e a tendência incorrigível de se apaixonar por pessoas e causas.

Conseguiu êxito razoável nas atividades a que se dedicou, exceto na de empresário, porque faltou-lhe sorte e empenho para aproveitar-se das oportunidades de explorar os seus semelhantes em benefício próprio.

Teve uma olaria que não foi bem. Depois, montou uma fábrica de móveis em Machado e posteriormente em Varginha, que veio a falir. Uma das causas da falência de sua empresa foi sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, em 1946.

Teve sorte ao encontrar em Ida Luiza uma esposa ideal, capaz de compensar, com seu amor, humildade e extraordinária capacidade de enfrentar as incertezas da vida, as fraquezas de meu pai.

Ida lhe deu sete filhos: Uriel, Ancila, Cléo e Alfeu em Machado. Em Varginha nasceram Sandra, Aureliano e Adalgisa.

Entre as narrativas que circulam sobre as façanhas de meu pai, há brigas em defesa dos mais fracos e, principalmente de mulheres, fossem elas suas irmãs, namoradas ou namoradas dos amigos.

Lembro-me de certa vez ter ouvido meu pai contar como, de revólver em punho, evitara que um amigo seu fosse linchado pelos capangas de um fazendeiro.

Meu primo Luiz tinha nove anos de idade e estava inconsolável num canto da oficina do “Tioreliano” porque não tinha um carrinho de rolemans para brincar. Meu pai veio saber o que o afligia tanto. Então, ele mesmo construiu o carrinho e o entregou ao primo. Este singelo presente fez de Luiz um admirador incondicional de meu pai.

Ele faleceu de asma cardíaca aos 48 anos. Graças à união e à solidariedade dos Zanon foi que a nossa família sobreviveu.

Este foi Aureliano Zanon: filho de imigrantes italianos, autodidata, comunista por equívoco, anarquista por vocação, romântico e sedutor por natureza, arauto da utopia, o filho menos sensato de Luíza Brunholo. Simples como a unidade e, paradoxalmente, completo como o universo, permanece na memória de todos nós muito além de nossa capacidade de julgamento.”

Nossas Raízes – Parte IV de VII

10 jan

Tirteo Ferdinando Zanon (PS: meu avô)

Sério e muito calado, assim era o mais velho dos filhos homens do casal Luíza Brunholo e Luiz Zanon.

Iniciou sua vida profissional trabalhando, ainda muito jovem, ao lado do pai como servente de pedreiro; mais tarde, tornou-se construtor. Mas, buscava algo mais, e o trabalho em mármore e granito artificial o atraiu.

Nos dizeres do sobrinho Uriel: “Na minha opinião, os traços mais marcantes de sua personalidade eram a compreensão dos defeitos humanos, a solidariedade aos irmãos e a discrição. Era uma pessoa forte, serena e bondosa. Herdou de meu avô o talento para desenho e escultura e de minha avó, persistência e bom senso, que lhe permitiram desenvolver sua empresa industrial Tirteo Zanon e Cia., que durante muitos anos liderou a fabricação de bancos de jardim e outros artefatos de cimento e granito artificial em Minas Gerais.”

Comércio esse que se estendeu além das fronteiras de Minas, pois do estado do Rio de Janeiro e de São Paulo também chegavam-lhe encomendas. Durante o quarto centenário de São Paulo, seu castelinho foi um sucesso na exposição montada no Parque Ibirapuera.

Rememorando esses fatos é que lhe damos o devido valor, pois convém ressaltar que, sem recursos técnicos e sem uma instrução formal, contando apenas com seu talento e habilidades naturais, ele idealizava, desenhava e elaborava seus próprios moldes e formas e delas saíam fontes luminosas, ladrilhos, altares, túmulos, etc.

Graças a isso divulgou muito o nome da cidade de Machado.

Casou-se pela primeira vez com Hemengarda Tavares, que lhe deu quatro filhos: Hilda, Walter, Dalva e Luiz (que saudades de você, tio Lula!).

Após alguns anos de viuvez, conheceu a jovem Leonina Vieira Machado (PS: minha avó), filha de Anastácio Vieira Machado, professor de Português e Francês no antigo Internato e Externato do Sr. Francisco Rafael de Carvalho, em Machado. Casaram-se e dessa união nasceram: Lúcio, Sílvia, Amílcar, Doralice, José Tirteo e Mafalda (PS: minha mãe).

Não tinha pretensões políticas, mas pressionado pelo antigo PTB, candidatou-se a prefeito de Machado. Contrariado, “sussurrava” aos amigos que votassem no adversário. Perdeu a eleição, mas intimamente comemorou a “sua vitória”.

Não fez fortuna, pois uma de suas características era a de cobrar pouquíssimo pelo que comercializava, pois, como dizia, não gostava de “explorar” ninguém, mas deixou à sua família um legado de honra, respeito e amor ao próximo.

Tirteo Zanon faleceu aos 68 anos de idade, no dia 6 de Setembro de 1966, após ficar um ano acamado devido a uma queda que sofreu por problemas circulatórios.”

Nossas Raízes – Parte III de VII

7 jan

Gemma Zanon Annoni

Gemma, o bebê que resistiu bravamente, lutando contra a doença infecciosa que minava seu pequenino corpo, na longa e exaustiva viagem da Itália para o Brasil, é a linda mocinha que aparece na capa deste livro, a bela fotografia da família em 1908, ao lado da irmã menor Adalgisa e dos outros três irmãos: Tirteo, Aureliano e Leopoldo.

Conquistou, com sua beleza serena e lindos olhos azuis, o coração do jovem Roberto Annoni e com ele se casou.

Foi uma esposa e mãe exemplar; era uma senhora de fibra. Soube enfrentar corajosamente e com fé as adversidades que a vida lhe preparou.

Teve cinco filhos: Clélia, Túlio, Leandro, Dora e Luizinha.

Além de cuidar dos afazeres do lar, encontrava tempo para se dedicar a obras assistenciais. Com muita habilidade fazia nas horas vagas peças em crochê e as doava ao Lar André Luiz, da qual era voluntária.

Gemma faleceu em sua residência em São Paulo, vítima de fulminante ataque cardíaco.”