Em algum lugar deste blog já comentei sobre pessoas queridas que vão desta para uma melhor_ bem melhor, espero eu.
Assim como já devo ter comentado que não concordo com essa ordem da vida: as pessoas que te acompanharam por uma vida inteira simplesmente morrem enquanto você passará a ser a pessoa que construirá uma nova família…
E se você quiser continuar com sua velha família? Não dá, não pode. Elas inevitavelmente morrerão.
(suspiro)
Uma tia muito muito querida morreu nessa sexta. Já estava mal, na UTI há algum tempo. Fui visitá-la, aliás, na UTI no domingo anterior. Fiquei muito triste ao vê-la cheia de tubos e fios. E já comecei a desconfiar que ela não fosse sair dessa… Como, de fato, aconteceu.
O velório foi sábado, na casa dela. Casa que conheço desde sempre. Casa em que passei todas as minhas férias inteiras (dezembro-janeiro-julho) todos os anos, desde criança até a faculdade. Tinha até o “meu” quarto, o quarto da caçulinha, como ela mesma me disse uma vez.
E ver aquela casa, cheia de parentes queridos,… não sei. Todos estavam tristes, mas cientes de que ela já havia sofrido muito na UTI. Conversas animadas lembravam da alegria de minha tia. Nâo havia ninguém desesperado_ o que foi ótimo. Todos bem, apesar de.
Não sei o que vai ser daquela casa. Talvez nunca mais entre nela caso ela seja vendida_ como a casa de minha avó, que virou um centro de análises clínicas. Talvez nunca mais reveja -fisicamente- a minha infância que está lá, em grande parte. Assim como só verei minha tia nas lembranças…
A sensação que tive, com a morte dela (somada à de outros parentes queridos), foi justamente essa: minha infância está morrendo aos poucos, junto com eles…
A grande família, outrora centrada na figura da avó e dos tios, está se multiplicando e se descentralizando, com cada primo formando seu próprio núcleo familiar. Isto é inevitável e natural, mas é triste.