Arquivo | janeiro, 2010

Por um fio…

29 jan

Rotina x Monotonia

29 jan

Interessante e útil a reportagem da Revista Vida Simples, para os casados.

Selecionei alguns pontos:

  • Rotina é diferente de monotonia. A rotina faz parte do dia-a-dia e é até necessária. A monotonia é viver no mesmo tom.

“Emma era uma bela e jovem mulher, inteligente, encantadora. Casou-se com Charles, médico recém-formado, com um futuro promissor. O casamento perfeito, diria qualquer um; pareciam ter sido feitos um para o outro. Mas Emma, não obstante amasse e respeitasse Charles, em nome de quebrar a rotina, resolve traí-lo. Como não se tivesse saciado, continuou a busca, colecionando amantes e aventuras até que isso a conduziu, junto com Charles e toda a família, à ruína moral, social e financeira”.

Esse breve parágrafo é uma síntese pobre do livro Madame Bovary, de Gustave Flaubert. Emma odiava a rotina monótona da vida pequeno-burguesa de esposa de médico em uma localidade do interior da França, mas, em vez de tentar melhorar sua vida, influenciando seu marido entediante com alegria e emoção, buscou aventuras fora do casamento. A partir desse expediente, não só não encontrou o que buscava como ainda acabou com o pouco que lhe restava. A virtude de Emma – sim, ela tem virtudes – é ser inconformada, mas seu engano é o foco de sua atenção. Ela não tenta mudar sua vida e sim construir uma vida paralela.

Não, o problema não está na rotina, mas na monotonia. Ainda que haja forte conexão entre ambos, esses substantivos que se adjetivam com freqüência não são sinônimos. A rotina monótona difere da monotonia rotineira. A primeira precisa de atitude, a segunda de tratamento. Se a rotina, que é inexorável, está monótona, precisa de novos temperos. Se a monotonia já virou rotina, é possível que precise de novos ingredientes.

  • O par perfeito não existe. Saiba como se virar com um parceiro normal, de carne e osso, e ser feliz para sempre.
  • Em um casal, a recompensa não é imediata como no armazém. Quem paga com carinho e atenção nem sempre recebe na hora a retribuição que desejava – às vezes a encomenda não chega nunca. Sem paciência para esperar ou um Procon para reclamar, muita gente resolve mudar de fornecedor, e vai buscar o que quer no armazém do vizinho. Sim, porque, no mercado do desejo, o que não faltam são propagandas de bons produtos, bons negócios e até promoções.
  • Dependência não é bom para a vida do casal.

Ter vida própria, ser apaixonado pelo que faz, cuidar dos próprios afazeres e sonhos, ultrapassar suas fronteiras, crescer. Quando nossa energia criativa está solta, ativa, estamos plenos, os olhos brilham. E esse brilho alimenta a admiração e a paixão de quem está ao nosso lado.

  • É natural que quem receba o carinho relaxe muito e nem possa se mexer. A idéia, aliás, deveria ser essa. Só que o senso comum sobre “amar” é este: eu dou para você se você der para mim (não é um trocadilho). É um amor condicionado. O resultado é que ninguém entrega o amor. Ou o entrega cobrando, como um boleto de banco: massagem + cafuné = um beijo agarradinho. E assim tudo fica burocrático, exigente, impositivo, sem excitação, sem liberdade. “Entregue seu amor. Perca a preguiça e parta para a ação, o tempo todo”, diz o psicanalista Bassioli.
  • Pintou uma sensação ruim? Ouviu algo que não caiu bem? E aí disse uma frase dura para rebater? Ficou aquele silêncio cinza? Melhor resolver logo. “Fico achando que as coisas devem ser perceptíveis, que, se eu senti, minha mulher deve perceber também. Como se ela andasse por aí com uma bola de cristal.”
  • Paciência. Achar que uma conversa vai melhorar tudo de uma vez pode ser frustante. Muitas vezes, são várias conversas que trazem uma boa compreensão sobre algo e, finalmente, uma mudança de atitude.
  • O segredo para ficar bem não está no outro, mas em você. Casar por amor pede a você atenção, consciência. Exige uma coisa só: que você esteja aberto a desenvolver o amor dentro de si. Vai lá. Experimenta. De mãos dadas. Com os olhos nos olhos.
  • Claro que o amor é lindo, que o casamento foi inventado para dar certo, mas é um tremendo desafio manter-se casado.
  • Para ser feliz a dois, paixão não é fundamental. A história nos ensina que essa índole romântica é na verdade a sensação que qualquer pessoa pode ter, mesmo estando casada, de se dar o direito de jogar tudo para o alto e partir para viver uma grande aventura se tiver essa oportunidade.
  • O casamento é aquilo que podemos resumir numa única palavra: estabilidade. E é por isso que tanta gente o acha tedioso. Seguindo esse raciocínio, a relação a dois não deve ser, então, uma felicidade absoluta ou um inferno na Terra. É o caminho do meio.
  • Homens e mulheres vivem o casamento de forma diferente. O mito grego de Eros e Psiquê não deixa meias palavras: para a mulher, o casamento tem um quê de morte; uma etapa de sua vida se extingue. O que tiramos disso para nossas relações? Primeiro, que há dualidade no casamento.
  • Livrar-se das projeções criadas pela paixão é um grande favor que fazemos a nós mesmos. Livres disso, descobrimos o ser humano que existe no outro. ao enxergar isso, temos a oportunidade de construir uma relação nova, onde convivem um, o outro e os dois juntos. Só o amor conduz a esse processo, só ele leva a relação a outro estágio de consciência. E, no casamento, o amor deve ser compreendido como afeto e compromisso. Até amizade. Por sinal, em um dos ritos hindus do casamento, o noivo e a noiva juram solenemente: “Você será meu melhor amigo”.
  • Com esses três ingredientes – vamos repetir: afeto, compromisso e amizade – dá pra dormir e levantar com o mesmo alguém durante toda uma vida.
  • Tudo indica que a união da amizade e da compreensão é a essência do amor verdadeiro. E, quando ele existe no casamento, o marido ou a mulher estão sempre encorajando um ao outro. Mesmo que um descubra os defeitos do outro – o que é certo acontecer –, não caem na tentação de criticar-se, optando por segurar as pontas. “Amar é saber falar e calar. É preciso mesmo ter paciência, confiança e compreensão.”

Retrospectiva

9 jan

Em 2009 alguns fatos me marcaram:

– Eu, marido e Lilo fomos pra praia no meu aniversário!
– O pessoal de um dos meus (atuais) ex-serviços fez uma linda festa surpresa pra mim e me senti muito querida;
– Trabalhei bastante com audiometria ocupacional e fortaleci laços em Goiás;
– Comecei a trabalhar também com triagem auditiva neonatal;
– Criei um blog de culinária e um de bate-papo com o marido;
– Lilo completou três anos de idade e dois anos comigo;
– Tive um artigo aprovado;
– Entreguei finalmente a monografia da especialização;
– Passei num concurso público (agora é torcer pra ser chamada, podem ser 4 anos de espera);
– Fui chamada pra trabalhar numa empresa como funcionária fixa;
– Descobri José Saramago e me apaixonei;
– De tanto deixar o marido de lado quase o caldo entornou;
– Descobri forças pra lutar pelo que importa.

Em 2009 apesar das minhas ausências por aqui, o blog teve mais de 117 mil visitas, quase o dobro em relação ao ano passado.

Planos pra 2010? Bom, eu ainda preciso emagrecer e ainda preciso ser mais disciplinada (agora ainda mais, pois o trabalho virou coisa de gente grande, a matrícula do mestrado vai sair, e meu marido e minha filhota merecem toda a atenção do mundo).

Espero conseguir escrever mais vezes nos blogs, espero ganhar na loteria, espero ser chamada no concurso, espero quase terminar o mestrado…

O que seria da vida sem os planos, hein?

Bom 2010 a todos!

Póstumo

6 jan

Há exatos 12 meses escrevi o desabafo abaixo no trabalho, aos prantos. Há poucos dias havia perdido Manso, um querido vira-lata que morava na praça perto de casa.

Hoje não choro mais, mas ele sempre me vem nas lembranças.

Saudades de você
Do seu olhar, manso
De sua felicidade simples
De sua recepção calorosa
_ e pidona
Do seu abano de cauda

Saudade de te fazer carinho
De te querer bem
De te dar alimento
_ para o corpo e para a alma
De coçar seu dorso
De sentar ao chão com você
De dar uma última olhada
E me certificar que está tudo bem
.

Hoje sua ausência se faz sentir, pesada.

E as lágrimas desceram…
… assim como o sangue.

Eu ia…
Eu ia te levar mais ração pra ver se você parava de andar pelas ruas.
Eu ia te levar água e sabão pra lavar sua coleira encardida.
Eu ia no pet shop comprar mais guloseimas pra você.
Eu ia te dar uma bolinha.
Eu ia varrer o chão da quadra pra você não comer besteira.
Eu ia te dar vacina.

Mas não fiz nada disso_ eu adiei e você partiu.

Eu queria te dar um dono, mesmo que no fundo…
Eu era aquela tia que te mimava e queria te levar pra casa.
Eu era aquela tia que te amava.

Eu tento me consolar pensando que você foi livre para andar pelas ruas e teve vários “donos” que cuidavam de você.
Mas penso que um dono e uma casa seriam bem melhores para você do que essa liberdade que causou tua partida, o que acha?

Eu tento me consolar pensando que você não sofreu muito, doeu?
Tento me consolar pensando que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, que ao menos foi perto de casa e eu pude me despedir.

Foi véspera de Natal. Triste.
Queria ter podido cuidar de você, como da primeira vez.
Queria ter você de volta.

A praça ficou sem vida.
Minha filhota ficou sem amigo.
Eu fiquei sem você.

Queria bater um papo com você, cara a cara.
Queria te abraçar.

Mesmo com sua vida relâmpago na praça, você me marcou; as raízes são profundas.
Você é especial e estará sempre em meu coração e meus pensamentos.

Espero que esteja ouvindo meus pensamentos e esteja se preparando pra me dar uma lambida.
Quero que você me ouça.

Vagueie pelo céu, querido, enquanto eu não chego.
Brinque com seus novos amigos e olhe por nós aí de cima.

Um dia a gente vai se encontrar de novo e eu vou te dar um forte abraço.
Você estará no meu céu_ ou eu estarei no seu?

Um beijo.
Um abraço, bem apertado.
Saudades.